Após a fecundação realizada em laboratório, o embrião formado se desenvolve em um ambiente preparado para o tal até o dia da transferência para o útero – ou seu congelamento. Esse tempo de cultivo pode durar de 2 a 6 dias. A partir do momento em que ocorreu a fertilização, o embrião passa por divisões celulares, etapa essa chamada de clivagem. Dessa forma, um embrião de terceiro dia de desenvolvimento deve apresentar cerca de 8 células. No quinto dia de desenvolvimento o embrião chega à fase conhecida como “blastocisto”.
Nessa fase, forma-se uma cavidade no interior do embrião, chamada blastocele, e este já apresenta centenas de células diferenciadas. A fase de blastocisto é a fase de implantação do embrião na parede do útero. Em média, o óvulo fica disponível para ser fecundado na trompa por aproximadamente 24 horas e os espermatozoides são viáveis no corpo da mulher por 48-72 horas após a ejaculação. A implantação do embrião na cavidade uterina ocorre em média 5 a 7 dias após a fecundação, já em estágio de blastocisto.
Nem sempre é fácil definir qual o melhor dia para os embriões serem transferidos para a cavidade uterina. Essa decisão deve levar em consideração a escolha do casal em conjunto com a opinião do médico especialista e do embriologista responsável, cada qual apresentando suas observações sobre o procedimento. Deve ser uma indicação individualizada levando em consideração diversos fatores, como o andamento do procedimento, a idade da mulher, a qualidade e quantidade dos embriões formados, o histórico de tratamentos, o número de tentativas anteriores e questões emocionais, como a ansiedade e expectativa do casal.
Vantagens da transferência de blastocisto:
- Melhor sincronização temporal entre embrião e endométrio no momento da transferência de embrião
- Maior taxa implantação
- Menor número de embriões congelados (com menor custo)
- Possibilidade do estudo genético embrionário.
- Transferência embrião único (Single Embryo Transfer) com menor chance de gestação gemelar.
Vantagens da transferência em D3:
- Nenhum meio de cultivo laboratorial é mais adequado do que o ambiente uterino. Por isto, a transferência em D3 pode ser uma estratégia para reduzir a exposição do embrião aos meios de cultivo artificiais.
- Maior chance de ter embriões disponíveis para transferência.
- Maior número de embriões congelados.
No entanto, uma revisão bibliográfica Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, concluiu que, embora a transferência de embriões em estágio de blastocisto possua maior taxa de gravidez por transferência realizada, a transferência em D3 apresenta maior taxa de gravidez cumulativa pela maior frequência de embriões excedentes congelados para uma segunda tentativa, além de um menor número de transferências canceladas por falta de embriões. Ou seja, a taxa de gravidez por transferência em estágio de blastocisto é maior do que em D3; no entanto, se o protocolo da clínica for apenas transferência em blastocisto, há um maior número de transferências cancelas pelo fato de que muitos embriões não conseguem chegar a esse estágio.
Em outras palavras, pode não haver embrião a ser transferido. Ainda não há marcadores para identificar embriões competentes para o desenvolvimento, que terão capacidade de chegar até o estágio de blastocisto. Pesquisadores americanos e europeus ainda demonstraram que, o dia da transferência não tem influência na incidência de problemas genéticos ao nascimento, porém demonstraram que a transferência em blastocisto poderia estar associada a maior risco de: o Prematuridade o Recém-nascidos grandes para a idade gestacional (bebês muito grandes) o Mortalidade perinatal o Complicações placentárias
Por outro lado, a transferência em D3 poderia: aumenta o risco de recém-nascido pequenos para a idade gestacional (bebês muito pequenos). A taxa de bebês nascidos vivos é semelhante na transferência em qualquer estágio. Daí a importância de um protocolo individualizado para decidir juntamente com o casal qual a melhor opção.